DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Amazônia Global Summit reúne líderes do país e do mundo para debater sobre desenvolvimento sustentável em Manaus

O evento, realizado no Centro Cultural Povos da Amazônia no último sábado (21), contou com 42 painéis temáticos e 62 palestrantes


O Amazônia Global Summit 2024 (AGS) foi realizado neste sábado (21), no Centro Cultural Povos da Amazônia, reunindo líderes, especialistas, pesquisadores, empreendedores e representantes de diversos setores para discutir estratégias inovadoras e práticas de desenvolvimento sustentável para a região amazônica. Com mais de 40 momentos de fala, o evento serviu como preparação para a 30ª Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), destacando a necessidade urgente de integrar os povos amazônicos nas discussões e decisões globais sobre sustentabilidade.

Foto: CBS Comunicação

Realizado pelo Movimento Nova Amazônia, através do Instituto Kaizen Foundation, o AGS aconteceu de 9h às 18h, e contou com uma programação diversificada que abordou os cinco eixos temáticos do evento: Bioeconomia, Economia Verde, Capital Social e Governança, Inovação e Novos Negócios, Sociedade 5.0 e Novo Futuro.

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No painel de abertura do evento, denominado “Um Novo Olhar, Uma Nova Amazônia”, a presidente da Kaisen Foundation, organizadora do evento, Luciana Oliveira explicou que o AGS não surgiu de uma ideia isolada, mas de um processo de escuta ativa de mais de 20 comunidades espalhadas por seis municípios, onde cada diálogo ajudou a moldar o formato e os temas do evento. Em discurso Luciana também reforçou a urgência da proteção da Amazônia e a necessidade de uma ação coletiva.

“Cada detalhe deste evento foi desenhado com base nessas vozes. O que vocês vivenciarão é fruto desse diálogo profundo com a comunidade. O Amazônia Global Summit é um convite à ação conjunta e colaborativa, pois sabemos que o futuro da Amazônia depende de cada um de nós. Mais do que nunca, precisamos que o mundo escute a voz da Amazônia, e a leve para o centro das decisões globais, como na COP 30 que se aproxima”, disse Luciana.

Vitor Raposo, idealizador do evento e cofundador do Instituto Kaizen Foundation, revelou que um dos grandes desafios do Amazônia Global Summit foi estruturar o evento para refletir as reais necessidades da Amazônia. Ele destacou que as soluções para os problemas não precisam ser importadas de fora, já existem dentro da própria região, embora muitas vezes não sejam visíveis.

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Foto: CBS Comunicação

“O Amazônia Global Summit vem com o propósito de colocar essas grandes soluções, que já estão acontecendo, no palco principal, para dar visibilidade e permitir que esses modelos sejam implementados. Nós trazemos mentes brilhantes de fora para contribuir, não para dar a solução, porque a solução nós já conhecemos, as pessoas que vivem e empreendem aqui já conhecem”, ressaltou.

O embaixador do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 17 da Organização das Nações Unidas, Pedro Saad, presente no painel de abertura, destacou a relação intrínseca entre meio ambiente e desenvolvimento social, afirmando que solucionar questões sociais como a pobreza e insegurança alimentar são importantes para a preservação da floresta.

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“A floresta não fica em pé se tiver miséria. Se não ajudarmos a organizar as comunidades locais, para serem inseridas na cidadania, elas continuam sofrendo com a questão social. É importante identificar os serviços e produtos que as comunidades podem oferecer e inseri-los na economia. Não é só assistencialismo, é inserção econômica. O desenvolvimento sustentável, quando bem construído, é longevo, e a floresta precisa disso. Não dá para enxergar o meio ambiente desatrelado do social”, afirmou.

Saad expressa um profundo sentimento de emoção e orgulho que sentiu ao participar do evento, destacando o sentimento de pertencimento da comunidade local e o reconhecimento do valor do território amazônico.

“Eu saio [do evento] muito comovido, com orgulho e sentimento de pertencimento que a comunidade tem, o estado tem isso. Acho que como vocês reconhecem o território, valorizam a questão da ancestralidade, isso me comove muito. É uma narrativa para trazer novos parceiros para a causa. Isso é um ótimo começo. Ver a COP aqui na Amazônia, esse momento ressoa para todos que estão aqui,” destacou.

O palestrante também enfatizou a necessidade de ação imediata por parte das lideranças. Para ele, o engajamento e a ocupação de espaços de debate e decisão precisam acontecer agora, sugerindo que não há mais tempo a perder na busca por soluções para os desafios da região.

INOVAÇÃO- Ricardo Yogui, fundador da Blue Rock e especialista em Inovação e Tecnologia da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), palestrante no painel “O Caminho da Inovação Aberta Para o Desenvolvimento da Amazônia”, comentou que observa que este é o momento de buscar novas parcerias, utilizando a inovação como um meio para a transformação social e econômica na região. Segundo ele, o evento foi uma oportunidade para debater os desafios enfrentados pela Amazônia, enxergando as possibilidades de progresso através da conexão entre diferentes atores.

“Somente no nosso painel falamos sobre inovação aberta, que é aquela mais colaborativa. Olhando para os desafios que a gente tem pra Amazônia, percebemos que é o momento de enxergar, tentar prospectar potenciais parcerias com a inovação como meio de transformar. […] Enxergar a possibilidade de prosperar na questão de conexões, melhorar principalmente como que a inovação pode ser um meio e um processo para a sustentabilidade”, afirmou.

O evento contou com a presença de líderes globais, entre eles o embaixador do Emirados Arábes Unidos, Saleh Al Suwaidi. Entre os palestrantes, estavam nomes como Adriano Espeschit, presidente da Potássio do Brasil, que apresentou a palestra “A Amazônia e a segurança alimentar global: O papel estratégico do Projeto Potássio Autazes”, e Viviane Barreto, da Fundação Dom Cabral, que falou do tema “A internacionalização dos negócios da Amazônia”. O diretor da Agência Nacional de Aviação Civil, Luiz Ricardo Nascimento, participou do painel “A importância da aviação no desenvolvimento da Amazônia”, com Israel Tretow, da Embry-Riddle, e Filipe Alvarez, da Azul Linhas Aéreas.

Além disso, o evento contou com a participação de Lívia Condurú, Diretora-fundadora da Bienal das Amazônias, Vânia Leal, curadora e Diretora de projetos especiais do Centro Cultural Bienal das Amazônias, e Marcos Apolo Muniz, Secretário de |Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas, no painel “Ancestralidade Amazônica: Arte, Cultura e identidade”, moderado pelo fundador da Manaus Amazônia Galeria de Arte, Carlysson Sena.

A Amazônia Global Summit encerrou com o painel “Future Studies – o Futuro das Relações do Homem com a Floresta Amazônica”, que com contou com Jaqueline Weigel, CEO da W Futurismo, e Vinícius Silva, diretor de visão estratégica na W Futurismo, consolidando o compromisso de uma visão de futuro sustentável para a região amazônica.